terça-feira, 21 de junho de 2016

Vivi. Faleci. Renasci. Nesse meio tempo obtive déjà vu constante possibilitando essa ideia de que já o aproveitei, me pergunto se será essa a minha tão esperada segunda chance, se finalmente poderei aproveitar o abraço da mãe, a sabedoria dos anciões e a esperteza da minha juventude, mas esse não é o ano do "e se", esse é o ano do futuro do presente, do qual fiz aniversário centenas de vezes esperando que dessa vez tenha deixado de ser aquela criança com medo de borboleta. Não é tempo de dúvidas, angústias, é o agora ou nunca, tenho a impressão que na realidade anterior eu escolhi o nunca. Não é de se espantar, ou talvez seja, na realidade de todos. Afinal como admitir alguém de dezoito, dezenove, vinte não estar animado por toda essa loucura, mas eu não sou das loucuras.

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Acredito que nascemos com um peso, também há asas, cabe a você voar, sustentar o peso no chão ou simplesmente afundar nesse lamaçal, tenho uma certa tendência a afundar enquanto idealizo como seria bom estar voando, não voo porque aprendi a não me achar merecedora, quando se tem uma criação católica apostólica romana é de se esperar que se sinta submisso ao mundo e quando deixa de crer que há um salvador só resta a impotência, ninguém me ensinou a andar com meus próprios pés. Meu avô, homem duro, ríspido, se ponhava a sorrir enquanto caminhava em cima de seus pés, assim aprendi que a beleza está no bem ao próximo, mas a vida não é feita de beleza e por isso hoje não sei se é agora ou nunca. É triste seguir com meus enlamados pés, mas é triste simplesmente por conta dos outros, escolher seguir é deixá-los, os mesmos que sorriam com meus pés sujos nos seus. Minha forma de lidar com toda a lama não envolve alguém, e se envolver, não conseguirei voar: preciso tirar lama dele. 

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