quarta-feira, 19 de abril de 2017

Disse adeus algumas vezes antes de usar as cordas em um som que a deixou atordoada. Ela caminhou, fugiu para longe, deixou-o em paz. Na paz que ela acredita não habitá-lo. Sentou-se perto de uma grande árvore e chorou. Sentiu-se minúscula e humilhada, feito nos seus oito de idade quando foi rejeitada pelo seu irmão alguns anos mais velho, "saia do meu quarto!" ele gritava, ela correu pelo terreno em agonia desenfreada e finalmente sentou-se do mesmo jeito frente ao pé de acerola, chorou com as mãos no rosto, obtendo esperanças de seu irmão aparecer pedindo desculpas, ele o fez e deixou ela jogar naquela máquina que a fazia assoprar fitas, havia condições, "quando eu disser para sair, você sai" ela aceitou com um aceno ligeiro e seu par de olhos escuros arregalados.
Hoje foi diferente, secou as lágrimas com as pontas dos dedos assim que as notou, ela disse para si mesma que estava tudo bem. Está tudo bem. Continua com a esperança dos oito que jamais foram supridas, ficou duas horas encarando o céu entre as folhas, uma lágrima ou duas escorreram quando culpou a si mesma, foi um erro entrar no quarto, nem mesmo devia pedir, implorar por algo assim. Ela não sabe por que continua e então para, olha a sua volta em busca daquele que tirou suas mãos das dela, levanta e espera a grande máquina que levará ao seu lar, sente vergonha da face amarrotada e termina seu tempo escrevendo o fatídico dia de alguém. 

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